Conjunto paisagístico da Gruta Nossa Senhora de Itaúna

Memória Patrimônio e história local

Histórico: “Segundo consta, na antiga Vila Mozart, hoje Bairro de Lourdes, próximo à residência do Sr. Mozart havia um caminho que ia até o alto do morro do Mirante, atual Bairro Santo Antônio. Esse caminho havia sido formado pelas enxurradas que desaguava no rio São João, caminho este que passou a ligar a Vila com o outro lado da cidade, ou seja, com a Rua Direita, hoje Av. Getúlio Vargas e com o alto do Rosário.

A primeira casa a ser construída no local foi a de D. Jacinta do Sr. Beijo, que tinha vários filhos dentre ele Antônio Nunes (Totõe). A segunda pertencia ao Sr. Eduardo Morais e D. Eslira, pais de Eduardinho, Helena e Eduardinho. A terceira casa, construída tempos depois, no ano de 1955, foi a do Sr. Otávio Mourão e D. Constancia, estes com cinco filhos. As crianças destas três famílias tinham como brinquedo predileto fazer incursões pelas grotas dos barrancos, balançando pelos cipós e tocaiando animais. Foi no dia 27 de julho de 1955, que as três crianças: Totõe, Eduardinho e José Rita (este, filho de D. Maria e do Sr. Joaquim, quarta família a residir na vila) saíram à procura de um cavalo que foi avistado numa grota em frente à lagoa. O cavalo estava imóvel e, mesmo temerosos, resolveram descer na grota onde o animal estava, utilizando cipós e galhos de árvores. Segundo consta, as crianças ao descerem a grota se viram numa situação difícil e atemorizados clamaram pela Virgem Santíssima se deparando com uma visão da Virgem Maria sob um cupim. A notícia se espelhou rapidamente e um caminho começou a ser construído em volta da lagoa chegando até a Gruta.

Romarias foram acontecendo sucessivamente, sendo que outros videntes foram registrados, sendo a última ocorrida em 15/08/1961. Com o tempo novos moradores foram se instalando na região. Posteriormente, o terreno foi comprado do Sr. Mozart e foi construído uma Gruta sobre o cupim onde apareceu Nossa Senhora, através da comunidade, do Pe. José Netto e do vidente Sr. Ovídio Alves.

Neste contexto, o ano de 1955 foi marcado por uma explosão de devoção mariana em Itaúna, após a aparição de Nossa Senhora interferindo na vida pacata deste município. Segundo Pe Amarildo, o ambiente em torno dos videntes, sobretudo do Sr. Ovídio foi sempre marcado pela serenidade. E todo o processo das aparições foi acompanhado com muito atenção pelo pároco Pe. José Netto.

A Gruta de Nossa Senhora de Itaúna é hoje um verdadeiro templo ao ar livre; o local é muitíssimo visitado por inúmeros fiéis e se tornou um grande centro de espiritualidade, onde nunca se permitiu o comércio, pois constitui um local de encontro com Deus. Até o ano de 2002 a Imagem de devoção na Gruta foi Nossa Senhora de Lourdes, imagem cedida pela Paróquia de Santana. Com a autorização do Bispo Dom José foi confeccionado a Imagem de Nossa Senhora de Itaúna.

Depois deste fato muito já se pesquisou sobre a devoção popular ocorrido na Gruta de Nossa Senhora de Itaúna e inúmeras outras atividades vem se desenvolvendo neste local de oração. No ano de 2015 e 2016 o local passou por um processo de revitalização urbanística e ecológica visando a preservação da mata que circunda a gruta, bem como obras de prevenção de erosão e revitalização da parte construída, garantindo o conforto dos frequentadores. A Gruta Nossa Senhora de Itaúna foi o primeiro bem tombado pelo município, sendo seu tombamento realizado dentro da lei orgânica da Câmara dos Vereadores da cidade no ano de 1990.”

Texto retirado do Caderno do Patrimônio Cultural de Itaúna: Bens Patrimoniais Tombados e Registrados. Edição 01, Itaúna: Codempace, 2017.